segunda-feira, 8 de setembro de 2008

QUINTA DA REGALEIRA



António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920), conhecido também como Monteiro dos Milhões nasceu no Rio de Janeiro em 1848, filho de pais portugueses. Herdeiro de uma grande fortuna familiar, multiplicada no Brasil com o comércio de cafés e pedras preciosas, que cedo lhe permitiu embarcar para Portugal. Licenciado em Leis pela Universidade de Coimbra, Monteiro foi um distinto coleccionador e bibliófilo, detentor de uma das mais raras colecções camonianas. Homem de cultura que, decerto, influenciou e determinou parte bastante substancial do mistério simbólico e iconográfico do palácio que mandou construir na sua quinta, situada na encosta da serra de Sintra, o Palácio da Regaleira.
Carvalho Monteiro era conhecido pela imprensa da época pelo seu carácter, simultaneamente, altruísta e excêntrico, de que é exemplo o famoso Leroy 01, 'o relógio mais complicado do mundo'.
Carvalho Monteiro manda também construir o seu túmulo no Cemitério dos Prazeres ao mesmo arquitecto que construiu a Quinta da Regaleira, Luigi Manini. A porta do jazigo, também ele recheado de simbologia, era aberta com a mesma chave que abria a Quinta da Regaleira e o seu palácio em Lisboa, na Rua do Alecrim. O jazigo, localizado do lado esquerdo na alameda de quem entra no Cemitério, ocupando uma área com o lugar, o tamanho e a forma do secretário num templo maçónico, referenciando a igreja como oriente, ostenta múltipla e variada simbologia. A porta tem uma abelha gravada na aldraba, carregando uma caveira. A abelha, diligente e trabalhadora, representa o maçom no seu esforço organizado. O gradeamento, que podemos ver nas traseiras do jazigo, ostenta a simbologia do vinho e do pão, o espírito e o corpo. Corujas, símbolo de sabedoria, ornamentam o jazigo, assim como as papoilas dormideiras, que simbolizam a morte.

O Palácio da Regaleira é o edifício principal e o nome mais comum da Quinta da Regaleira. Também é designado Palácio do Monteiro dos Milhões, denominação esta associada à alcunha do seu primeiro proprietário, António Augusto Carvalho Monteiro. O palácio está situado na encosta da serra e a escassa distância do Centro Histórico de Sintra estando classificado como Imóvel de Interesse Público desde 2002.
Carvalho Monteiro, pelo traço do arquitecto italiano Luigi Manini, dá à quinta de 4 hectares, o palácio, rodeado de luxuriantes jardins, lagos, grutas e construções enigmáticas, lugares estes que ocultam significados alquímicos, como os evocados pela Maçonaria, Templários e Rosa-cruz. Modela o espaço em traçados mistos, que evocam a arquitectura românica, gótica, renascentista e manuelina.

Sem comentários: